domingo, 27 de abril de 2008

Renascer das cinzas

Fénix, é uma ave mitológica fantástica, ela ao perceber que o seu ciclo de vida esta a terminar, aconchega-se num ninho de ervas aromáticas e através de sua própria energia interior, queima o seu corpo até restar apenas cinzas. Destas cinzas misturadas aos restos de ervas queimadas, renascerá outra ave semelhante à que se extinguiu, apenas renovada.
Durante nossa vida passamos por momentos que nos atingem profundamente, que acabam sendo verdadeiros marcos de mudança.
É assim que me sinto neste momento, sinto que me encontrei novamente. Isto só foi possível porque descobri onde me havia perdido, e o porquê de ter deixado de viver a vida a minha maneira, e a passar a vivê-la como os outros gostavam, passei a viver da forma que mais critico, sendo politicamente correcta.
Deixei de ser directa e frontal. Nunca fui pessoa de comer e calar, e quando não gostava de uma coisa nem disfarçava, não gostava e ponto.
Detesto seguir regra, padrões sociais e comportamentais. Sempre fui muito menina do meu nariz, dizia o que pensava mesmo quando era a única que pensava dessa forma. Afinal a minha opinião era tão valida como qualquer outra!
Nunca me considerei arrogante nem pretensiosa, mas sem duvida nenhuma era bem mais sincera do que sou hoje!
A verdade nunca me fez impressão, até perceber que esta incomodava muito a outros! Ouvi vezes sem conta a minha mãe me dizer: "o peixe morre pela boca", e é verdade.
É bem mais seguro ser politicamente correcta, aprendi com o tempo a engolir sapinhos, a comer e mesmo não gostando continuar a fazê-lo, deixei de emitir a minha opinião em muitas coisas, a me deixar guiar pela maioria, ou pelo mais correcto, mesmo quando não era o que eu acreditava!
Passei a fazer coisas que não me interessavam para nada só porque alguém me dizia que era assim que as coisas deviam ser feitas!
Hoje, mesmo quando não gosto de alguém, sou capaz de conviver com ela, de forma cordial, dando risadas e sorrisinhos quando muitas vezes só me apetece dar-lhe uns berros nos ouvidos.
Tornei-me uma pessoa dissimulada, a viver de forma superficial e sem duvida nenhuma bem mais infeliz.
A dias ouvi, que a isto se chama crescer!
Pois se isto é crescer eu não quero crescer, se isso implica ter de viver desta forma!
Esta crise existencial foi a melhor coisa que me aconteceu...aprecebi-me que me tinha transformado numa pessoa que nem reconheço.
Perdi a única coisa que nenhum ser humano pode perder, a sua identidade!
Neste momento o meu processo de metamorfose esta apenas a começar, mas de uma coisa tenho a certeza muita coisa vai mudar ou pelo menos, voltar ao que era!
Tomei as rédeas da minha vida, e isso significa vivê-la ao meu jeito e não da forma como os outros gostariam, nem me escondendo por detrás de protocolos sociais e comportamentos politicamente correctos!
Neste momento, renasci das cinzas, e tal como a fénix renascida, ainda me sinto pequena e insegura mas rapidamente voltarei a esticar as minhas asas fortes e voltar a voar livremente!





sábado, 26 de abril de 2008

Metamorfose

" Hoje o céu sorriu para mim!
Levantei a cabeça

Deixei a luz entrar sem pudor algum.

Hoje deixei a chuva cair,

lavar os meus pecados,

tirar esta roupa imunda...

Fazer um todo dos pedaços.

Hoje senti a tua mão no meu rosto

O brilho no canto do olho.

Recuperei a alegria de viver,

de me sentir triste e um estorvo.

Hoje descobri que tinha asas,

que conseguia voar...

Hoje sei que sou livre

que nada me irá magoar.

Hoje completei a minha metarmofose.

E tu, já acabaste a tua?"

António Lopes

Um miminho que uma das minha joinhas fez para mim.... Adorei...mesmo muito!
Ainda não acabei a minha metamorfose, mas uma nova vida começa a renascer dentro de mim!
E espero, tal como tu conseguiste, recuperar a minha alegria, voltar a sentir-me livre e conseguir voar!

sábado, 19 de abril de 2008

"Politicamente correcto e a arte do eufemismo "

" O politicamente correcto visa erradicar expressões pejorativas, discriminatórias, sexistas e racistas do discurso do quotidiano. O objectivo é adoptar um discurso único, consensual, que não fira a susceptibilidade de ninguém levando ao desaparecimento de conflitos sociais. Para tal, usa de forma criativa o eufemismo.
O problema é que o politicamente correcto cria terminologias artificiais e ridículas que, com o uso, adquirem elas mesmas uma conotação negativa, actua como camuflagem em relação aos problemas de discriminação e intolerância, que permanecem, em vez de combater as suas causas.
Censura-se a linguagem, limita-se a liberdade de expressão, mas não se muda o que necessita ser mudado: a mentalidade. Trata-se simplesmente de exercício de cosmética linguística"

Adorei este texto que li num blog, onde discutia-se a essência do significado de ser politicamente correcto.
Eu pessoalmente nunca me considerei uma pessoa muito politicamente correcta, porque entendo que este comportamento implica que as pessoas se comportem e pensem de acordo com as "regras" impostas por uma sociedade, por uma ideologia dominante, que por vezes a meu ver acaba sendo sufocante!
Ser politicamente Correcto, no meu modesto entendimento, significa uma pessoa que usa o eufemismo para dizer as mesmas coisas, que os politicamente incorrectos, só que de uma forma diferente!
Mas isto inquieta-me porque vejamos, não sou racista, considero o mundo bem mais interessante quanto mais colorido e diversificado for, então porque não chamar as coisas pelos nomes, se eu sou de pele branca, considero-me branca, mas para o politicamente correcto deveria me denominar de caucasiana. Mas nunca me fez impressão que me chamassem de branca, se é de facto a minha cor de pele! então porque cresci ouvindo, não se diz preto, é negro que se utiliza para denominar uma pessoa de cor escura.
Para mim a essência da questão não está no termo que se usa para denominar determinada coisa, mas sim na entoação que se dá a palavras quando a dizemos.
Então em vez de mudarmos palavras tornando-as mais politicamente correctas, porque não tentamos mudar de mentalidade?! Isso sim seria a meu ver, um passo definitivamente correcto!

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Apatia

Desde sempre que utilizo a escrita para expressar tudo o que transborda dentro de mim, quer sejam sonhos, fantasias ou devaneios, quer sejam frustrações ou caos de emoções.
Escrevo porque tenho dificuldade em falar sobre mim, sobre os meus problemas e inquietações.
Talvez porque ao falar, significa ter que encarar as coisas, torna tudo demasiado real.
Significa ter que admitir pelo som da minha voz, coisas que prefiro esquecer, ou fingir que as esqueci, tento ignora-las com a esperança que assim elas desapareçam, na verdade, tento nem sequer me lembrar que elas existem.
E levanto-me todos os dias com a sen
sação fictícia de que tudo esta bem, sorrio para o mundo, aparento sempre boa disposição e quando me perguntam como estou, a minha resposta típica é que estou óptima!
Poucas pessoas apercebem-se de que quando digo que estou óptima que estou a mentir, e que a minha personalidade alegre, de bem com a vida, as vezes é so uma forma de enganar o meu real estado de espírito.
Ando numa crise existencial e as minhas recentes entradas no blog sao o resultado disso! Poderia dizer que estou numa fase de metamorfose, de transformação e possivelmente para ai caminha, mas primeiro tenho que me encontrar, porque a sensação que tenho é que a certa altura da minha vi
da, perdi-me de mim mesma e de tudo o que é essencial.
Passei nem sei explicar como a viver de forma superficial, deixei de lutar pelo que eu queria da vida, o tempo foi passando e eu acostumei-me a esta apatia.
Neste momento, tenho noção de que estou a esbanjar o meu tempo e que preciso de retomar as rédeas da minha vida, todavia não sei como fugir desde desânimo que me encontro ultimamente.
Sinto-me bloqueada e esta sensação de impotência e passividade desgasta-me.
Preciso que algum anjo aquiete a minha alma confusa, que segure a mão e fique ao meu lado me sussurrando ao ouvido, que tudo vai melhorar! Um anjo que me abrace com seus braços fortes e que neles me deixa descansar...nem que seja só um pouquinho.



segunda-feira, 7 de abril de 2008

Mudanças


Existem coisas que nos fazem de facto pensar, ainda a dias andava eléctrica por ser Natal e agora já regressei das férias da Pascoa!! O tempo passa com uma velocidade que nem damos por ele.
Neste momento, já só consigo pensar na queima, que é já para o mês que vem! É uma semana pela qual, a maior parte da massa estudantil espera o ano todo!
Todavia, esta será uma semana especial para mim e para os meus colegas de faculdade, com os quais fui caloira e com os quais, vou cartolar!!!
Acho que ainda nem cai em mim que vou acabar o curso este ano...espero pelo menos, já vi as coisas mais favoráveis!!!!!! Nem das consequências que daí advem!
Passaram 4 anos, e no entanto, continuo a ter ainda muito presente a lembrança de andar preocupada com a média, e com exames nacionais para entrar na faculdade! Do entusiasmo que esta nova etapa me provocava e do "terror" que sentia pelo desconhecido que me esperava!
Entrar na faculdade, foi um passo gigantesco que dei na minha auto construção, que contribuiu acima de tudo para crescer enquanto pessoa e afirmar da minha autonomia.
Foi uma época complicada para alguém, como eu, que não gosta de mudanças, e que tem um pouco de medo de arriscar, talvez porque o desconhecido assusta-me muito. Mas foi também uma época em que me vi obrigada a testar as minhas capacidades e em que pus as minhas limitações a prova!
Não mudei de País, mas atravessei um bocadinho do Atlântico!
Muitas vezes durante estes anos, tive de facto a sensação que tinha emigrado, não estou com isto a dizer que o Porto seja melhor ou pior que a Madeira, nem me interessa entra por esta questão. Quero apenas com isto dizer que as diferenças entre "o meu mundo" e esta nova realidade eram tantas que mais parecíamos de países diferentes!
As diferenças culturais, sociais e até linguísticas, foram das coisas mais interessantes que me deparei! E comparar as realidades de uma e outra localidade passou a ser um divertimento tanto para mim, como para os meus amigos "continentais" aos quais acabei "ensinando" expressões e costumes típicos madeirenses e vice-versa, num género de "intercâmbio social"!!!
Porém, talvez a mudança mais importante para mim nesta fase, foi, e passo a expressão, o "corte do cordão umbilical" . "
Saí de casa dos meus pais, passei a viver sozinha num apartamento, a ter que cuidar da minha casa e tudo o que isso implicava ( como ter k cozinhar, se queria comer, ter que fazer limpezas, fazer compras de super mercado, pagar contas etc). Aprender a gerir o meu dinheiro e a fazê-lo render. Todavia, contei com uma preciosa ajuda, a da minha irmã, que já cá estava e com a qual divido não só a casa, como também tudo o resto! Ela acabou trilhando o caminho para eu passar, o que facilitou muito a minha adaptação!
Passados 4 anos, chego a conclusão, que os meus receios sobre esta nova etapa eram infundáveis, e que foi das melhores coisas que me podia ter acontecido.
Apercebi-me que sou mais forte e autónoma do que pensava, que o desconhecido não é assim tão mau, e que acima de tudo vale sempre a pena arriscar!
As saudades dos pais, que são os meus alicerces, da família que teve sempre presente me apoiando, dos amigos de uma vida, que sao insubstituíveis, e da terra que me viu nascer e crescer, que adoro e nutro um orgulho enorme, essas continuam e vão continuar sempre. E é por estas que tenho sempre vontade de regressar!