(...)" Acabavam de festejar as bodas de ouro e não sabiam viver, nem um momento, um sem o outro, nem sem pensarem um no outro, e cada vez sabiam menos à medida que se agravava a velhice.
Nem ela nem ele podiam dizer se essa independência recíproca se fundia no amor ou na comodidade, mas nunca se tinham interrogado com a mão sobre o coração, porque, desde sempre, ambos preferiam ignorar a resposta."
Este é um pequeno excerto do livro de Gabriel Garcia Márquez, O amor nos tempos de cólera, que quis partilhar com vocês.
Tem muito tempo que esta questão intriga-me. Por dois motivos em particular, por ser já muito raro encontrar casais que estejam juntos a tantos anos (tendo em conta que actualmente a média dos casamentos em Portugal é de 14 anos) e porque, sempre me questionei sobre a longevidade destes casamentos.
Não deixo de me surpreender quando coloco esta duvida, mesmo a pessoas jovens, responderem-me que o que une estes casais, é o amor.
Ouvir isto, na minha perspectiva de ver as coisas, soa-me sempre a uma certa inocência infantil que mantemos desde o tempo em que ouvíamos histórias de do género: Era uma vez...e foram felizes para sempre!!!
Afinal, quem é que em criança não ouviu histórias de sonho e fantasia? Onde os maus eram exemplarmente punidos, os heróis recompensados e a princesa e e principie felizes para todo o sempre!!
Eu adorava-as!!!
Só que a medida que fui crescendo, fui dando conta, que eram apenas histórias. Que a vida real era assim ligeiramente diferente da tão maravilhosamente ilustravam nestes livros.
Adianto desde já, que não vivenciei nenhuma experiência familiar traumática (dado que os meus pais estão casados à quase 30 anos), e muito menos amorosa!!
Apenas para mim, tudo é efémero. Nada dura para sempre!!!! E como tal, o amor, é uma realidade efémera como qualquer outra.
A humanidade nasce, desenvolve-se e morre e parece-me pacífico que no geral as pessoas aceitam isto.
No entando, existe uma relutância em acreditar que o amor, tal como, a felicidade, são estados emocionais temporários.
A única forma de amor incondicional e intemporal que aceito como possível é a relação entre alguns pais e filhos. Pelo simples motivo, que nestes elos de ligação, não existe nada racional que consiga explicar este tipo de relação, a não ser a existência de um amor que pela sua grandeza e força é eterno.
Isto para dizer, que numa relação amorosa longa, o amor transforma-se noutro tipo de sentimentos. Como o companheirismo, cumplicidade, o respeito e a amizade. E que são tão ou mais importantes que o amor inicial que os uniu.
Mas isto, é só a minha percepção da realidade, a vida pode ainda mostrar-me que estou errada.Todavia, a sabedoria só nos chega quando já não nos serve para nada"
Ate Breve**